15/10/2025

Cultura na resposta da crise climática O Festival Até o Tucupi chegou à sua 18ª edição em 2024, consolidando-se como um dos mais importantes encontros de cultura e mobilização política na Amazônia. Realizado em Manaus entre 20 e 30 de novembro, o festival promoveu 27 atividades que reuniram 62 grupos e mobilizaram diretamente cerca de 10 mil pessoas, além de alcançar quase meio milhão nas redes sociais. Foram mais de 230 artistas e mobilizadores sociais envolvidos, reafirmando a cultura como ferramenta central na luta por justiça climática e social. A Proteja já havia somado em edições anteriores do festival com parcerias pontuais, mas em 2024, a convite da coordenadora Elisa Maia, do Coletivo Difusão, integrou de forma plena a co-realização da iniciativa. Nosso papel foi múltiplo. Mobilizar parcerias, articular recursos, elaborar a proposta política, colaborar na organização de equipes e curadorias, somar na produção e no desenvolvimento do site, além

A sabedoria e resiliência das comunidades locais, povos indígenas e quilombolas devem ser nosso guia! A crise climática não é uma ameaça distante, mas uma realidade que já afeta a vida de milhões de pessoas. Enchentes, secas, queimadas e outros desastres se repetem e escancaram a urgência de enfrentar esse desafio. Os mais impactados são sempre os que menos contribuem para o agravamento da crise: povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e periféricas. Populações que há séculos resistem ao avanço de um sistema colonialista e desigual, e que seguem sendo excluídas dos espaços de decisão sobre o futuro do planeta. Esses povos são guardiões de práticas e saberes fundamentais para a proteção da terra, das águas e da vida. São eles que demonstram, com sua própria existência, caminhos para adaptação e mitigação da crise climática. Ignorar essas vozes é perpetuar o colonialismo. Não existe justiça climática sem o enfrentamento às desigualdades

Em 2024, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) deu um passo estratégico na luta contra a crise climática: o lançamento da campanha “A Resposta Somos Nós”. Construída com apoio da Proteja, a iniciativa nasce da compreensão de que os povos indígenas não são apenas vítimas da destruição ambiental, mas protagonistas na defesa da floresta e na construção de alternativas reais para enfrentar a emergência climática. O processo de criação da campanha foi coletivo e planejado em etapas. A Proteja apoiou desde a elaboração metodológica, passando por oficinas de alinhamento, até a sistematização de peças e narrativas. O ponto de partida foi o reconhecimento de que a comunicação indígena precisa disputar a centralidade do debate climático, rompendo com visões que invisibilizam as comunidades ou reduzem sua contribuição a discursos folclorizados. O plano da campanha definiu eixos centrais: Denúncia: evidenciar o avanço do desmatamento, das queimadas e dos grandes

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) vive sob constante pressão. A região concentra a maior presença de povos indígenas isolados do mundo e, ao mesmo tempo, enfrenta a invasão de pescadores ilegais, caçadores, madeireiros e o avanço do narcotráfico. A violência que atinge o território ganhou visibilidade internacional após o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, mas o que não aparece nas manchetes é o esforço diário das lideranças Javari em resistir, denunciar e proteger suas comunidades. Diante desse cenário, a comunicação deixou de ser apenas um canal de informação e se tornou uma questão de sobrevivência. Foi com esse entendimento que a Proteja foi chamada a contribuir na construção do primeiro plano estratégico de comunicação da UNIVAJA. O objetivo era estruturar um instrumento que desse mais consistência às ações de denúncia, incidência e mobilização, além de organizar processos internos de comunicação comunitária. O trabalho

Entre os dias 26 e 31 de agosto de 2024, a Associação Indígena DACE, do povo Munduruku do Baixo Rio Teles Pires, realizou uma série de oficinas voltadas ao fortalecimento institucional e à gestão de suas estratégias de proteção territorial. A atividade contou com o apoio da Proteja e se tornou um espaço de reflexão e organização coletiva, em que lideranças, jovens e mulheres discutiram caminhos para garantir maior autonomia política e administrativa da associação. As oficinas abordaram desde questões práticas de funcionamento institucional até a organização financeira, elaboração de projetos e definição de papéis e responsabilidades. A metodologia utilizada foi construída de forma participativa, valorizando os conhecimentos e experiências dos próprios Munduruku, ao mesmo tempo em que ofereceu ferramentas para sistematizar processos e planejar ações de médio e longo prazo. Um ponto central foi a conexão entre gestão e território: fortalecer a estrutura institucional da DACE significa ampliar a

Uma história única de um filme repetido Em 2024, o projeto da hidrelétrica de Castanheira ainda fazia parte dos planos federais de energia, mesmo após a mudança de governo. Para os povos, comunidades e organizações da bacia do Juruena, isso significava a continuidade de uma ameaça que se arrastava havia anos. Foi nesse contexto que nasceu o documentário Arinos: uma história única de um filme repetido, lançado em agosto de 2024 como parte da campanha de enfrentamento à UHE Castanheira. A Proteja esteve ao lado do Movimento dos Atingidos por Barragens de Mato Grosso (MAB/MT) em todas as etapas da construção do filme. No planejamento político da proposta, na mobilização das pessoas envolvidas, na produção e gravação, na direção, roteiro e montagem, além da organização de conteúdos, do plano de divulgação e do desenvolvimento do site. O documentário foi pensado como ferramenta de formação política e mobilização popular. Por isso